Missão Boas Novas Investe na Evangelização de Índios em Pau Brasil, Sul da Bahia

No dia 19 de abril é comemorado o Dia do Índio e essa data tem por finalidade reconhecer a cidadania destes que foram os primeiros habitantes do Brasil.
    Consciente da necessidade em contribuir para que os índios sejam alcançados com a mensagem do Evangelho, a Missão Boas Novas enviou ao estado da Bahia o Missionário Maicon Emiliano e sua esposa Mariane, que tem feito um grande trabalho de evangelização dos índios na região de Pau Brasil – Sul da Bahia.
    A realidade é desconhecida por muitos, mas mais de 300.000 índios dividem-se em cerca  de 251 etnias distintas representando 180 línguas diferentes e apenas 26 delas possuem o Novo Testamento completo traduzido em seus idiomas. Apesar das 25 agências missionárias que bravamente atuam entre os índios em nosso país, ainda contamos com mais de 100 tribos completamente não alcançadas pelo evangelho.  Segundo o Missionário Maicom Emiliano, o trabalho tem sido árduo, entretanto muito gratificante. O Missionário encaminhou à nossa redação um relato sobre esse trabalho realizado nas aldeias em Pau Brasil e transcrevemos na íntegra:
    Estamos  trabalhando  com os Pataxós Hã Hã Hãe, na Aldeia Geral Caramuru, abrangendo uma  extensão de 54 mil e 100 equitares de terra e com aproximadamente 4 mil índios. Eles são chamados Pataxós Hã Hã Hãe por causa da mistura de etnias, que são 5: os Kiriri Sapuiá, os Tupinambá, os Camacan, os Bainãn e os Gueren. As formas de sobrevivência ainda são a caça, a pesca e o cultivo de cacau e outras plantas e também a criação de gado, porcos e aves.
    Dentro da Aldeia Geral temos regiões diferentes como as aldeias Água Vermelha, Ourinho, Itajú, Rio Pardo, Bom Jesus, São Vicente, Milagrosa, Serrana e Caramuru (sede) e muitas outras. A história dos Pataxos Hã Hã Hãe é de batalhas e disputas ferrenhas, pois há muitos anos eles foram expulsos por fazendeiros e depois de muitos anos voltaram e retomaram aquilo que era de seus antepassados. Houve muitas guerras e mortes, mas o Governo Federal julgou as terras e entregaram nas mãos dos índios. São várias famílias de algumas etnias e são três caciques dentro da Aldeia, dois fazendo parte dos Kiriri Sapuiá, que é a tribo maior na Aldeia Geral e  um que é integrante dos Tupinambá,  a terceira maior etnia. Eles tem como tradição a dança Toré, o uso de flechas, o uso do Maraca, do cocar, pinturas, tangas, brincos e colares de sementes.
    Muitos índios se misturaram com brancos, fazendo com que a tradição se perca e houve uma época dentro da Aldeia Geral que os índios não permitiam o evangelho entrar, pois segundo eles o cristianismo poderia tirar suas tradições. Anos depois alguns índios saíram para trabalhar e voltaram crentes, dando possibilidades do evangelho entrar na aldeia, porém poucas foram as denominações que prevaleceram com o trabalho na Aldeia.
    Muitos índios não se entregam ao evangelho por pensarem que terão que renunciar a algumas coisas. Há muito atrito entre as próprias etnias por causa de terras e poder. Presenciamos índios sendo mortos e queimados. Há ainda os problemas com drogas como crack e cocaína, álcool e promiscuidade. Meninas com apenas 12 anos já namoram e passam a levar vida conjugal. Muitas dessas mulheres com vários filhos, de diversos homens e há até mesmo crianças abandonadas. Dentro da aldeia há índios passando fome por causa da miséria e falta de Deus.
    Quando chegamos, em fevereiro de 2013, começamos o trabalho e notamos a falta de união entre eles, a falta de um verdadeiro evangelho. Assim, tivemos que aculturar com eles para iniciar o trabalho, pois muitos obreiros deixaram marcas negativas, com erros missiológicos, por falta de aculturação. Iniciamos o trabalho dormindo 4 dias por semana na aldeia, tomando banho no rio, comendo caça, avistando cobras, aranhas perigosas e vivendo como eles. Fazem sua alimentação com a água do rio, onde não há tratamento algum, possibilitado com essa prática a proliferação de muitas doenças. carentes e nosso trabalho se iniciou com elas. Graças a Deus, após uns 6 meses de aculturação, conseguimos alcançar a confiança e conquistar o coração de alguns adultos. A maior necessidade que encontramos aqui foi a necessidade de investimento na área de ensino e ministramos palestras em geral sobre diversos temas e também ensinos bíblicos.
Tem uma parte do ano, nos meses de maio a julho, que e muito difícil o acesso do missionário, pois é um período de muita chuva e muito barro. Fica difícil de qualquer tipo de veículo nas estradas e não podemos morar dentro da aldeia, porque somos brancos e a FUNAI não permite.
Ha também uma parte do ano que tem o período da seca onde eles passam por muitas dificuldades, pois dependem da colheita e do leite para sobrevivência; os rios secam e dificulta em muitas áreas como água e comida.
Estamos trabalhando agora com os Kiriri Sapuiá, conhecida como maior etnia da Aldeia Geral e poucos deles são abertos ao evangelho, mas aos poucos alguns estão chegando e estamos falando do amor de Deus para eles.